quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

As luzes da cidade se apagam a meia noite


Ali naquela pracinha foi onde vivi os melhores momentos da minha vida; pés correndo no asfalto quente, sorrisos ingênuos, energia inacabável, cabelos ao vento. Pega-pega, esconde-esconde, eram tantas brincadeiras que até já perdi a conta. Tudo o que eu precisava estava ali.
Em pensar que já houve tempos em que a única coisa que me preocupava era como que eu iria tirar aquela sujeira do meu pé, ou da falta das tardes animadoras soltando pipa com meu padrinho e minha prima.
Não lembro bem o porquê, nem sei direito quando, talvez em uma segunda-feira; mas o único desejo era crescer. Aquilo parecia tão maravilhoso, era extremamente tentador, poder pintar o cabelo e as unhas, passar batom vermelho e pó, namorar, colocar um pircing no nariz; aquilo cheirava liberdade.
Tal liberdade que se fez presente em toda aquela época que eu queria ter 14 anos, porém eu nem imaginava que com essa idade as restrições e cuidados seriam mais complexos. Na verdade tudo é mais complexo.
O corpo tem que ser magro, o cabelo tem que ser liso, o rosto sem espinhas, responsabilidades aumentam, as notas baixas são inaceitáveis. Sem falar nas discussões com seus pais por causa de uma festa boba que não permitiram ir, os amores não correspondidos, as necessidades que, às vezes, vão muito mais além do que você pode ter. Afinal, de que liberdade eu falava?
As luzes da cidade se apagam a meia noite. E cada dia me afasto mais daquela velha infância que vai ficando para trás juntamente com as brincadeiras, bonecas, sorrisos e amigos. E então vou me aproximando de responsabilidades maiores, e da “liberdade” que nos põe frente a frente com as imposições da sociedade, as quais limitam a nossa alma não nos permitindo viver.







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